A vida pode ser Leve

 

vida leve

O cérebro humano hoje é o resultado do acúmulo de conhecimento de toda nossa história evolutiva como espécie e sua trajetória no mundo. Cada indivíduo adiciona a sua história particular, e a partir disto, surge nossa mente complexa, com sua enxurrada de pensamentos e muitas inquietudes que não param de reverberar, todos os dias.

Na evolução histórica dos hominídeos, vivíamos – milênios atrás – em uma estrutura social de bando, necessitando assim de uma ou mais pessoas que se destacassem, o que denominamos como liderança do grupo exercendo poder e força. Isso, em parte, explica o motivo ao qual nossa mente tem pensamentos focados em admirar atributos de poder e ostentação, e segui-los como exemplo e desejo de alcance. E hoje, centenas de gerações passadas, seguimos majoritariamente neste mesmo caminho. Como nosso cérebro tem capacidade de gerar aproximadamente 70 mil pensamentos por dia, muitos destes priorizam os triunfos dos outros, e os enfatizam criando defeitos e fracassos para si mesmo. A mente, com muita facilidade, trabalha na comparação e de forma negativa (ABREU,2016).

Desta forma, temos em nossa companhia uma voz crítica, que nos lembra de nossas imperfeições, criadas pela sua negatividade aparentemente natural. E sempre que surge uma nova situação em nossa vida, isto nos faz temer, paralisar, fugir e até mesmo adoecer. É exatamente assim que a Depressão funciona, a pessoa fica mergulhada em pensamentos destrutivos, catastróficos que a impedem de ver sua real chance de sucesso e suas escolhas. Tendo a perda de satisfação com sua vida, afogada em pensamentos sombrios, melancólicos, reforçando cada vez mais os mecanismos da depressão (GILBERT, 2019).

É necessário deixar claro que cada caso se difere do outro, mas essa auto crítica em sua mente faz parte de um aprendizado obtido pelas suas experiências vividas desde o nascimento até hoje, dentro de seu ambiente, adicionado ao próprio temperamento, oriundo da genética. E, geralmente, essa voz com pensamentos negativos são condicionados, algo criado, sendo assim possível alcançar uma mudança, pois não lhe pertence de verdade.

Então, para começar, é preciso que se fique atenta a esses pensamentos críticos, negativos e depressivos que se repetem em sua cabeça. Anotar quando isso ocorre, que fato os gerou e quando já tive esses mesmos pensamentos?

O intuito desse exercício é desconstruir a crítica automática criada, trazendo a realidade e desfigurando o imaginário. É um treino, uma ginástica cerebral, realizada com o acompanhamento de um profissional hábil – sugerimos os da psicologia – que conseguirá guia-la a partir de um olhar que está fora de sua mente auto crítica. É muito importante para uma boa saúde mental se permitir procurar ajuda, pois a vida pode ser um bocado mais leve.

Referências:

ABREU, Cristiano Nabuco de. Psicologia do cotidiano: como vivemos, pensamos e nos relacionamos hoje. Porto Alegre: Artmed, 2016.

GILBERT, Paul. Terapia Focada na Compaixão – 3.ed. – São Paulo: Hogrefe, 2019.