LUTO: suas fases, seus sintomas e o tratamento.

O sentimento comum no luto é a dor, acompanhada de uma sensação de vazio, e de perda de interesse pelo mundo exterior, emerge uma preocupação com as memórias daquilo que se perdeu e dificuldade em seguir em frente com a rotina. Apesar de descrever os aspectos do luto, é importante lembrar que ele é um processo muito individual, que envolve fatores de cada personalidade, existindo em cada um expressões e formas de lidar diferentes.

O luto é um rompimento do sentido de segurança na vida, é uma quebra de vínculo, e pode se manifestar em qualquer tipo de perda, na morte de uma pessoa, em um término de relacionamento, a perda de um membro do corpo, na perda de um animal de estimação, enfim, em qualquer situação que ocorre o sentimento de perda.

No fato de acontecer essa perda, se vê necessário o respeito pelo tempo para conseguir acolher de forma saudável o processo de luto, pois segundo John Bowlby, um proeminente psicólogo e psiquiatra britânico reconhecido como o arquiteto da Teoria do Apego como uma fundação crucial para compreender as complexidades das relações humanas, descreveu o luto como sendo um processo de quatro fases:

  • 1º CHOQUE: o estágio inicial em que a perda não é plenamente reconhecida, caracterizado por uma sensação de incredulidade.
  • 2º PROTESTO: nesta fase, surge um anseio intenso e a busca pelo que foi perdido, frequentemente acompanhado de sentimento de tristeza profunda e até raiva.
  • 3º DESESPERO: a compreensão de eu a perda é permanente se instala, trazendo consigo um sentimento avassalador de desamparo.
  • 4º ACEITAÇÃO: o estágio final é marcado pela adaptação à perda e pelo início de um processo de reconstrução da vida.

Bowlby também coloca que é fundamental passar por cada fase e completa-las antes de avançar para a próxima, evitando o risco de ficar preso em um fase ou intercalar constantemente entre elas. Este comportamento pode levar a uma crise emocional, resultando em um luto disfuncional ou até mesmo em transtornos mentais, como a depressão.

O tratamento psicológico do luto é uma jornada de apoio, compreensão e cura. A terapia não visa simplesmente em superar a perda, mas a aprender a viver com ela, através de estratégias para lidar com a tristeza, com o desamparo e com a raiva. O suporte emocional que a terapia proporciona é uma prevenção ao luto disfuncional.

Uma jornada de luto real e desafiadora é  pelo fim das relações, sendo que o término de um relacionamento é mais do que uma despedida entre pessoas, essa ocorrência traz para muitas mulheres uma vivencia de luto, um período marcado por uma montanha-russa de emoções, gerando pensamentos negativos e desafios significativos para si. Dentro destes sentimentos a insegurança e o medo se prevalecem na sensação de estar sozinha, de enfrentar as dificuldades para recomeçar e gerar pensamentos sobre não ser capaz, isso pode resultar em um cansaço emocional profundo, tornando cada passo mais difícil do que realmente é.

A pressão social e familiar pode intensificar a vergonha de estar solteira, especialmente se houver o peso adicional de ser mãe solo. A solidão nesse momento pode levar a uma sensação de inadequação e até mesmo ao afastamento de amizades fortalecendo a sensação de fracasso e impotência. Neste processo de luto as emoções e as pressões podem resultar em situações de risco como a volta para um relacionamento de abuso, em busca de sentir a segurança e adequação social, ou até mesmo gerar um transtorno de humor como a depressão de leve a grave. A importância de respeitar as fases do luto em todas as situações de perda é uma ação preventiva de saúde mental e autocuidado.

Em todos os casos de luto a ajuda terapêutica por um profissional é uma forma essencial de enfrentar esse desafio, nela se encontra o apoio emocional e suporte para a reconstrução da segurança com a autoconfiança, organização do processo de recomeço e mostrar uma facilidade na adaptação a esta nova fase da vida.

Para estes momentos difíceis que estou aqui para apoiar você nesse caminho de autodescoberta e recuperação.

 

Referências:

ALVES, Tania Maria. Formação de indicadores para a psicopatologia do luto. São Paulo, 2014.

BASSO, Lissia Ana; WAINER, Ricardo. Luto e perdas repentinas: Contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2011•7(1)•pp.35-43.

RAMOS, Vera Alexandre Barbosa. O processo de luto. Psicologia.PT – O portal da psicologia [on-line]. www.psicologia.pt.2016.