Tacila Sambati

O padrão de beleza e seus impactos emocionais às mulheres

O padrão de beleza e seus impactos emocionais às mulheres

Existe uma alteração no padrão de beleza contínua, a cada momento e tempo específico tem alguma parte do corpo da mulher que precisa ser mudado e melhorado, e sempre com o foco de se manter jovem. Na internet além de postagens de fotos de corpos malhados, também são postadas as medidas de porcentagem de gordura, havendo uma idealização de ter que apresentar índice de gordura corporal inferior a 10% para estar dentro do padrão, algo difícil de ser conquistado por qualquer pessoa se for levado em consideração fatores como predisposição genética, metabolismo e facilidade de desenvolvimento muscular (Leme, 2013).

Há uma idolatria estética provocada pela mídia, gerando uma necessidade de prática de dietas, muitas vezes feitas inadequadamente, assim como o uso de suplementes e esteroides anabolizantes que provocam quadros como ortorexia, uma excessiva preocupação com a pureza do alimento consumido, e a vigorexia sendo uma desordem dismórfica corporal que se apresenta em algumas pessoas que frequentam academia excessivamente

O consumismo traz a questão de que o indivíduo molda sua concepção subjetiva a partir do que é normal em seu ambiente social, dado que a cultura é determinada por uma representação momentânea sobre o corpo, exposto no mundo da moda, televisão, cinema e internet. Tudo isso reforça o fato de que no ocidente existe um culto ao corpo, que atrela o ideal da magreza a ser competente, ter sucesso e ser atraente sexualmente, gerando nas mulheres uma insatisfação com a sua imagem corporal, levando muitas delas a desenvolver transtornos alimentares como anorexia nervosa, bulimia nervosa, além de depressão e isolamento social (Alves, et al., 2009).

A mídia propaga esse olhar consumista sobre o corpo, apresentando a transformação estética de forma rápida e natural: este é o diálogo da mídia imediatista. Nas mídias,

[…] aquilo que dá suporte as ilusões do eu são, sobretudo, as imagens do corpo, o corpo retificado, fetichizado, modelizado como ideal a ser atingido em consonância com o cumprimento da promessa de uma felicidade sem máculas. São, de fato, as representações nas mídias e publicidade que tem o mais profundo efeito sobre as experiências do corpo. São elas que nos levam a imaginar, a diagramar, a fantasiar determinadas existências corporais, na forma de sonhar e desejar que propõem (Santaella, 2004, p. 125).

As mudanças socioeconômicas transformam a visão cultural do espaço ao passar do tempo e junto a isso muda também o objetivo corpóreo: existe um culto ao corpo, manipulado por uma indústria cultural da mídia e internet. Tudo isso gera necessidade de ajuda: um abrir os olhos de que o padrão estabelecido não seja o da pessoa, e que ela pode ser diferente, fazer outras atividades sem tanta preocupação e carga mental, ser mais livre, conhecer-se e aceitar-se dentro de sua originalidade corporal (Russo, 2005).

Diante deste cenário surge a importância ao trazer à sociedade uma reflexão sobre as escolhas que as mulheres têm feito, ou melhor as imposições as quais têm se submetido, com relação a seus corpos com dietas, exercícios físicos e mudanças cirúrgicas.

Como na teoria de Del Priore (2000) as mulheres se sujeitam à mídia fazendo de tudo que é ilustrado como possível para evitar um envelhecimento normal e aceitando a categorização de que, não ser igual a imagem imposta então, é ser feia e indesejável pela sociedade. Russo (2005) comenta sobre a mudança socioeconômica que faz parte dessa indústria cultural pelos meios de comunicação objetivando vender produtos, equipamentos, mensalidades de academias, remédios na intenção de proporcionar o corpo estabelecido atualmente, existindo assim uma manipulação econômica sobre o padrão de beleza.

Dentre os possíveis problemas psicológicos que essa busca incessante do corpo ideal pode acarretar, algo extremamente preocupante é o comportamento que as mulheres adotam ao deixar de fazer algo que gostam e deixam-lhes felizes por não estar dentro do padrão de beleza. Chega-se a um ponto em que a sociedade aceita o fato que a beleza interfere nas relações sociais, afirmando que a beleza facilita tais relações.

Tem-se então um novo conceito de mulher contemporânea: uma mulher crítica com seu corpo, que faz o possível e o impossível para chegar ao padrão de beleza, que é um corpo magro e malhado. Esta mulher que se coloca em uma vida disposta ao saudável, reeducando sua alimentação, fazendo exercícios regularmente, ainda é a mesma mulher que se olha no espelho e encontra-se insatisfeita com sua imagem corporal, tendo sempre algo para mudar, sentindo-se muitas vezes com baixa autoestima ou deprimida, sentimentos que advém de uma não possível conquista da beleza.

Ao recordarmos diferentes conceitos sobre o corpo feminino, percebemos não ser algo fixo e sim um objeto que muda com o passar do tempo seguindo um trajeto comercial da mídia investidora em tendências alimentícias, produtos de beleza, medicalizações, cirurgias, entre outros métodos de influenciar a economia. A partir de toda essa análise mostra-se a necessidade de mudança de hábito da sociedade pela falta de crítica ao que a mídia lança como idealização, e de uma construção diferente da sociedade como descreve Rachel Moreno (2008, p. 78):

É essencial construirmos um discurso no qual a alimentação saudável e equilibrada seja mais importante do que a dieta; no qual a vida menos sedentária e as imagens realistas, múltiplas e relativas de beleza ganhem força; e no qual criemos condições de conseguir nos contrapor à manipulação da mídia e dos interesses avassaladores, desiguais e excludentes da sociedade de consumo. É preciso garantir, para além das condições de saúde e bem-estar de todos, a beleza da diversidade e a diversidade da beleza.

Há uma pressão social sobre o corpo da mulher, condicionando o corpo feminino a um modelo único de beleza, sendo pressionada principalmente a partir de imagens expostas pela mídia que a induz a acreditar que ficar fora do padrão de beleza atual é errado e excluso. Isto propaga um sentimento de culpa sobre a mulher, vinculando o não ter o corpo magro e malhado ao desleixo e a falta de vontade, descartando a subjetividade humana de cada corpo ser diferente do outro. Conclui-se a partir destas informações que as mulheres contemporâneas carregam nelas um peso que vai além do físico, um sofrimento emocional reivindicado por uma intransigência social.

 

Referências

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Assumpção, Jr, Francisco. (2004). A questão da beleza ao longo do tempo. In Busse, Salvador de Rosis. (Eds). Anorexia, bulimia e obesidade. (pp. 2-12).  Barueri, SP, Manole.

Alves, D., Pinto, M.,  Alves, S., Mota, A., Leirós, V. (2009). Cultura e imagem corporal. Motri, Santa Maria da Feira, 1, 1-20.

Camargo, T. P. P., Costa, S. P. V., Uzunian, L. G., Viebig, R. F. (2008). Vigorexia: revisão dos aspectos atuais deste distúrbio de imagem corporal. Revista Brasileira de Psicologia do Esporte, 1, 1-15.

Carvalho P. V. A., Cornélio, A. R. (2007) Produtos light e diet: o direito de informação ao consumidor. Âmbito Jurídico. Recuperado de http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=artigos_leitura_pdf&artigo_id=2212.

Castro, A. L. (2007). Culto ao corpo e sociedade: mídia, estilos de vida e cultura de consumo. (2. Ed). São Paulo: Annablume / Fapesp.

Del Priore, M. (2000). Corpo a corpo com a mulher: pequena história das transformações do corpo feminino no Brasil. (2. Ed). São Paulo: Senac.

American Psychiatric Association. (2014). Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (5a ed.; Texto Revisado). Porto Alegre:Artmed.

Eco, Umberto. (2010). História da Beleza. Tradução de Eliana Aguiar. [1932]. Rio de Janeiro, Record.

Freitas, C. M. S. M., Lima, R. B. T., Costa, A. S., Filho, A. L. (2010). O padrão de beleza corporal sobre o corpo feminino mediante o IMC. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, 3, 389-404.

ISAPS. (2013). Quick Facts: Highlights of the ISAPS 2013 Statistics on Cosmetic Surgery. Recuperado de http://www2.cirurgiaplastica.org.br/wp-content/uploads/2014/08/ISAPS_quick_facts.pdf.

Leme, A. (2013). A nova forma da magreza. Revista Veja, 45, 84-93.

Moreno, R. (2008) A beleza impossível: mulher, mídia e consumo. São Paulo: Ágora.

Pelegrini, T. (2004). Imagens do corpo: reflexões sobre as acepções corporais construídas pelas sociedades ocidentais. Revista Urutaguá – revista acadêmica multidisciplinar, 08. Recuperado de http://www.urutagua.uem.br/008/08edu_pelegrini.pdf.

Pinto, J. P. M. S., Jesus, A. N. (2000). A Transformação da Visão de Corpo na Sociedade Ocidental. Motriz, 2, 89-96.

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Rodrigues, W. C. (2007). Metodologia Científica. Paracambi: FAETEC/IST.

Russo, R. (2005). Imagem Corporal: construção através da cultura do belo. Movimento & Percepção, 5, 6.

Santaella, L. (2004). Corpo e comunicação: sintoma da cultura. (3. Ed). São Paulo: Paulus.

Sant’anna, D. B. (1995). Cuidados de si e embelezamento feminino: fragmentos para uma história do corpo no Brasil. In Sant’anna, D. B. (Eds). Políticas do corpo: elementos para uma história das práticas corporais. (pp. 121-139). São Paulo: Estação Liberdade.

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Luto: suas fases, seus sintomas e o tratamento.

LUTO: suas fases, seus sintomas e o tratamento.

O sentimento comum no luto é a dor, acompanhada de uma sensação de vazio, e de perda de interesse pelo mundo exterior, emerge uma preocupação com as memórias daquilo que se perdeu e dificuldade em seguir em frente com a rotina. Apesar de descrever os aspectos do luto, é importante lembrar que ele é um processo muito individual, que envolve fatores de cada personalidade, existindo em cada um expressões e formas de lidar diferentes.

O luto é um rompimento do sentido de segurança na vida, é uma quebra de vínculo, e pode se manifestar em qualquer tipo de perda, na morte de uma pessoa, em um término de relacionamento, a perda de um membro do corpo, na perda de um animal de estimação, enfim, em qualquer situação que ocorre o sentimento de perda.

No fato de acontecer essa perda, se vê necessário o respeito pelo tempo para conseguir acolher de forma saudável o processo de luto, pois segundo John Bowlby, um proeminente psicólogo e psiquiatra britânico reconhecido como o arquiteto da Teoria do Apego como uma fundação crucial para compreender as complexidades das relações humanas, descreveu o luto como sendo um processo de quatro fases:

  • 1º CHOQUE: o estágio inicial em que a perda não é plenamente reconhecida, caracterizado por uma sensação de incredulidade.
  • 2º PROTESTO: nesta fase, surge um anseio intenso e a busca pelo que foi perdido, frequentemente acompanhado de sentimento de tristeza profunda e até raiva.
  • 3º DESESPERO: a compreensão de eu a perda é permanente se instala, trazendo consigo um sentimento avassalador de desamparo.
  • 4º ACEITAÇÃO: o estágio final é marcado pela adaptação à perda e pelo início de um processo de reconstrução da vida.

Bowlby também coloca que é fundamental passar por cada fase e completa-las antes de avançar para a próxima, evitando o risco de ficar preso em um fase ou intercalar constantemente entre elas. Este comportamento pode levar a uma crise emocional, resultando em um luto disfuncional ou até mesmo em transtornos mentais, como a depressão.

O tratamento psicológico do luto é uma jornada de apoio, compreensão e cura. A terapia não visa simplesmente em superar a perda, mas a aprender a viver com ela, através de estratégias para lidar com a tristeza, com o desamparo e com a raiva. O suporte emocional que a terapia proporciona é uma prevenção ao luto disfuncional.

Uma jornada de luto real e desafiadora é  pelo fim das relações, sendo que o término de um relacionamento é mais do que uma despedida entre pessoas, essa ocorrência traz para muitas mulheres uma vivencia de luto, um período marcado por uma montanha-russa de emoções, gerando pensamentos negativos e desafios significativos para si. Dentro destes sentimentos a insegurança e o medo se prevalecem na sensação de estar sozinha, de enfrentar as dificuldades para recomeçar e gerar pensamentos sobre não ser capaz, isso pode resultar em um cansaço emocional profundo, tornando cada passo mais difícil do que realmente é.

A pressão social e familiar pode intensificar a vergonha de estar solteira, especialmente se houver o peso adicional de ser mãe solo. A solidão nesse momento pode levar a uma sensação de inadequação e até mesmo ao afastamento de amizades fortalecendo a sensação de fracasso e impotência. Neste processo de luto as emoções e as pressões podem resultar em situações de risco como a volta para um relacionamento de abuso, em busca de sentir a segurança e adequação social, ou até mesmo gerar um transtorno de humor como a depressão de leve a grave. A importância de respeitar as fases do luto em todas as situações de perda é uma ação preventiva de saúde mental e autocuidado.

Em todos os casos de luto a ajuda terapêutica por um profissional é uma forma essencial de enfrentar esse desafio, nela se encontra o apoio emocional e suporte para a reconstrução da segurança com a autoconfiança, organização do processo de recomeço e mostrar uma facilidade na adaptação a esta nova fase da vida.

Para estes momentos difíceis que estou aqui para apoiar você nesse caminho de autodescoberta e recuperação.

 

Referências:

ALVES, Tania Maria. Formação de indicadores para a psicopatologia do luto. São Paulo, 2014.

BASSO, Lissia Ana; WAINER, Ricardo. Luto e perdas repentinas: Contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 2011•7(1)•pp.35-43.

RAMOS, Vera Alexandre Barbosa. O processo de luto. Psicologia.PT – O portal da psicologia [on-line]. www.psicologia.pt.2016.

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Autoconhecimento e a importância da Psicologia Social.

Porque saber sobre Psicologia Social para ter Autoconhecimento?

 

Silvia Lane é uma estudiosa da Psicologia Social, onde se explica o comportamento na sociedade de cada indivíduo. Sua meta foi transformar o ser humano em um sujeito consciente sobre a história da sua comunidade (CARONE 2007). Em sua teoria, Lane prova, com base filosófica e biológica, que o ser humano não consegue sobreviver sozinho, é necessário ter uma transmissão de aprendizagem cultural. E é no âmbito da aplicação social concreta que ela destaca-se, pois traz que na aprendizagem cultural foca-se nas influencias que a sociedade assume sobre a pessoa que somos, e, também nos faz compreender o indivíduo como produto e produtor da história.

Esta aprendizagem ocorre até mesmo antes do nascer, pois a maneira em que a pessoa se encontra dentro de sua história, com sua origem familiar, ao meio que convive com certas pessoas, onde trabalha, quais atividades tem costume de realizar, todas essas informações interferem na maneira que cuidará de sua gravidez e no significado de ter um filho, sendo que a linguagem materna vai  insere a criança na história de sua sociedade (LANE 1987).

Segundo Lane, ter relação apenas com uma pessoa já se encara como um grupo social. No momento em que um indivíduo divide o espaço com outra pessoa, acontecem trocas de informações, discussões, semelhanças, experiências vivenciadas, onde este mesmo vai construindo sua história, vai adquirindo sua subjetividade, a sua identidade social. Lane considera a linguagem como produto social, que é por ela que se transmite o conhecimento e a representação do que é o mundo.

Cada grupo tem suas leis gerais, seus objetivos e valorizações diferentes, ou seja, uma construção histórica diferente. Com base nesta ideologia, Silvia Lane objetivou-se a desenvolver a concepção da Psicologia Social dentro da América Latina, onde a visão era muito diferente, o homem era visto como um ser abstrato e bastava conhecer o que ocorre dentro dele, os fatores biológicos, que se explicava a causa do seu comportamento. A conclusão do comportamento era baseada apenas pela descrição simples do acontecimento em situações ocasionais (LANE 1988).

Mas, Silvia Lane aparece com seus conhecimentos e contradiz afirmando que o indivíduo pensa, fala, aprende, ensina, transforma a natureza, sendo um organismo social, portanto, histórico. Dentro de uma sociedade o reforço faz com que o comportamento ocorra com frequência, e com a punição tais comportamentos são extintos, e a discussão é porque isto ocorre. De acordo com o meio vivido terá normas para serem seguidas, é este aprendizado que é passado de geração para geração, é um conjunto de relações sociais que define o sujeito no meio onde vive.

O homem tem a capacidade de reproduzir relações sociais, que é um modo fundamental da produção material de sua sociedade, e com essa dialética este indivíduo pode gerar uma contradição fundamental, superando a sociedade e criando uma nova. Porém, não se pode negar o ponto histórico da produção desta sociedade. Cabe então a Psicologia social compreender, através de sua história, o homem como produtor da história (BOCK 2007).

É dentro do materialismo histórico que se pode atingir o indivíduo concreto, e construir um conhecimento sobre a realidade social e cotidiana que define cada um. E com este contexto a Psicologia social transpassa uma situação de status quo de consciência social, e sim, torna-se uma herança cultural latino americana, mantida em todos os âmbitos culturais, como literatura, lutas sociais e até festividades (BATTOMORE 1988).

A grande relevância da Psicologia social aplicada em países latino americanos é que ela levanta as questões que estão no mundo psíquico da população, um inconsciente coletivo, que vira objeto de estudo da psicologia social e que é exposto pela mesma, fazendo que todos tenham conhecimento e aplicação destes pensamentos. Mas quando se trata da Psicologia social fazendo uma observação, a primeira e a mais importante questão para ela, é o ser humano (TOMANARI 2009).

Percebe-se a importância do trabalho dessa pioneira no tema de descolonização do Brasil, estudando a realidade do povo, suas origens, cultura e linguagem, para assim adaptar a psicologia social a necessidade brasileira, e não ao contrário, dentro de um modelo com um pensamento ocidental, produzido por Europa e EUA. Este método implica em um olhar preconceituoso e de conflitos sociais, como a desigualdade de classes econômicas e o comportamento no meio social, pois a realidade é diferente, o espaço se difere, o clima, os costumes, etc.

Essa gama de informações mostra para o seu autoconhecimento, que o ser humano não é uma ilha e sim o fruto do convívio social, sendo na interação, na convivência social, que a pessoa forma sua moral, sua ética, sua segurança, sua forma de ser consigo e com os outros. A proximidade física entre as pessoas gera a sensação de tranquilidade, e quanto mais este ser se sentir seguro por seus cuidadores, na sua comunidade, mais terá respostas abertas, flexíveis e positivas para com o seu ambiente e nas suas relações.

 

REFERÊNCIAS:

BOCK, Ana Mercês Bahia; FERREIRA, Marcos Ribeiro; GONCALVES, Maria da Graça M.  and  FURTADO, Odair. Sílvia Lane e o projeto do “Compromisso Social da Psicologia”. Psicol. Soc. [online]. 2007, vol.19, n.spe2 [2010-09-04], pp. 46-56. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. Php?Script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500018&lng=en&nrm=ISO>. Acesso em: 03/10/2010 às 20h00min.

BOCK, Ana Mêrces Bahia; GONÇALVES, Maria da Graça Marchina; FURTADO, Odair. Psicologia sócio-histórica. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2009.

BOCK, Ana Mêrces Maria; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lurdes Trasse. Psicologias. 14.ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista, Rio de Janeiro, ed. zahar, 1988, p. 254.

CARONE, Yraí. O papel de Sílvia Lane na mudança da Psicologia Social do Brasil. Psicol. Soc. [online]. 2007, vol.19, n.spe2 [2010-09-04], pp. 62-66. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. Php?Script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500020&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01/10/2010 às 19h20min.

LANE, Silvia T. Maurer. A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. v.19, n.1, p.10-19, abr 1993.

LANE, Silvia T. Maurer. Consciência/alienação: a ideologia no nível individual. V.15, n.1, p.41-47, abr 1988.

LANE, Silvia T. Maurer. Linguagem, pensamento e representações sociais. V.17, n.1, p.33-39, abr. 1987.

LANE, Silvia T. Maurer. O processo grupal. V.14, n.1, p.78-98, abr 1987.

LANE, Silvia T. Maurer. O que é psicologia social. 17. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

LANE, Silvia T. Maurer. O que é psicologia social: o homem em movimento. 17. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

TOMANARI, Gerson Yukio. Silvia Lane: uma contribuição dos estudos sobre a psicologia social no Brasil. v.17, n.1, p.225-245, abr. 2009.

 

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A vida pode ser Leve

A vida pode ser Leve

 

vida leve

O cérebro humano hoje é o resultado do acúmulo de conhecimento de toda nossa história evolutiva como espécie e sua trajetória no mundo. Cada indivíduo adiciona a sua história particular, e a partir disto, surge nossa mente complexa, com sua enxurrada de pensamentos e muitas inquietudes que não param de reverberar, todos os dias.

Na evolução histórica dos hominídeos, vivíamos – milênios atrás – em uma estrutura social de bando, necessitando assim de uma ou mais pessoas que se destacassem, o que denominamos como liderança do grupo exercendo poder e força. Isso, em parte, explica o motivo ao qual nossa mente tem pensamentos focados em admirar atributos de poder e ostentação, e segui-los como exemplo e desejo de alcance. E hoje, centenas de gerações passadas, seguimos majoritariamente neste mesmo caminho. Como nosso cérebro tem capacidade de gerar aproximadamente 70 mil pensamentos por dia, muitos destes priorizam os triunfos dos outros, e os enfatizam criando defeitos e fracassos para si mesmo. A mente, com muita facilidade, trabalha na comparação e de forma negativa (ABREU,2016).

Desta forma, temos em nossa companhia uma voz crítica, que nos lembra de nossas imperfeições, criadas pela sua negatividade aparentemente natural. E sempre que surge uma nova situação em nossa vida, isto nos faz temer, paralisar, fugir e até mesmo adoecer. É exatamente assim que a Depressão funciona, a pessoa fica mergulhada em pensamentos destrutivos, catastróficos que a impedem de ver sua real chance de sucesso e suas escolhas. Tendo a perda de satisfação com sua vida, afogada em pensamentos sombrios, melancólicos, reforçando cada vez mais os mecanismos da depressão (GILBERT, 2019).

É necessário deixar claro que cada caso se difere do outro, mas essa auto crítica em sua mente faz parte de um aprendizado obtido pelas suas experiências vividas desde o nascimento até hoje, dentro de seu ambiente, adicionado ao próprio temperamento, oriundo da genética. E, geralmente, essa voz com pensamentos negativos são condicionados, algo criado, sendo assim possível alcançar uma mudança, pois não lhe pertence de verdade.

Então, para começar, é preciso que se fique atenta a esses pensamentos críticos, negativos e depressivos que se repetem em sua cabeça. Anotar quando isso ocorre, que fato os gerou e quando já tive esses mesmos pensamentos?

O intuito desse exercício é desconstruir a crítica automática criada, trazendo a realidade e desfigurando o imaginário. É um treino, uma ginástica cerebral, realizada com o acompanhamento de um profissional hábil – sugerimos os da psicologia – que conseguirá guia-la a partir de um olhar que está fora de sua mente auto crítica. É muito importante para uma boa saúde mental se permitir procurar ajuda, pois a vida pode ser um bocado mais leve.

Referências:

ABREU, Cristiano Nabuco de. Psicologia do cotidiano: como vivemos, pensamos e nos relacionamos hoje. Porto Alegre: Artmed, 2016.

GILBERT, Paul. Terapia Focada na Compaixão – 3.ed. – São Paulo: Hogrefe, 2019.

 

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Satisfação e Autoestima

Satisfação e Autoestima

A mulher tem sido rodeada por pressões sociais, culturais, emocionais e espirituais, estando sempre dedicada a tantos papéis e tarefas que, muitas vezes, esquece-se de si mesma. Na história do sexo feminino soma-se um número de mudanças na estrutura sócio cultural. A cada época espera-se algo diferente dela; então a mulher tenta adequar-se às expectativas alheias e, pelo jeito que lhe é peculiar, tenta satisfazer a todos (MORENO, 2008). Contudo sua própria satisfação com a vida pode acabar sendo um tema de baixa prioridade, até mesmo sendo confundida com a autoestima elevada. Pois a Autoestima é um termo muito utilizado hoje para questões de autocuidado com a beleza, apenas modificando algumas outras formas de colocar para a mulher que seguir os padrões de beleza e sociais exigidos por outros é ter autoestima.

O que é a Satisfação?

A satisfação com a vida é um indicador global da qualidade do viver e da saúde mental, sendo muitas vezes considerada um sinônimo de bem-estar subjetivo e felicidade. Trata-se de uma avaliação que as pessoas fazem da vida como um todo, tendo em conta a discrepância percebida entre aspirações e realizações. Ser satisfeita com a vida é um exercício construído subjetivamente desde a infância, do cultivo de afeto para com as crianças fazendo com que se estabeleça uma estrutura psíquica  fortalecida, na qual a criança reconhece seu lugar de importância na família que serve como modelo para as suas demais relações sociais no futuro (REIS, 2011).

É possível reverter essa situação na vida adulta, entendendo-se ser um processo que exige como primeiros passos: O DESEJO DE MUDANÇA e AUTOCONHECIMENTO!

Isto pode ser amparado pelo apoio da família ou de amigos, e ainda, na busca de orientação profissional em psicoterapias.

Mas e a Autoestima é um termo errado? Não é errado, mas é necessário saber que a autoestima é uma característica da Satisfação com a vida, e que não tem ligação direta com estar bonita e sorridente. Nem sempre se está com autoestima elevada ou baixa, depende do seu estado de ânimo. Agora a Satisfação é uma avaliação da construção da vida, é você olhar para o seu caminho todo, refletir e mudar.

Como começar?

Repasse em pensamento seu caminho e analise sua vida: Fazendo algumas perguntas para si mesma desde sua infância até o hoje sobre relações familiares, amizades, estudos, corpo, sexualidade, relações amorosas, sua rotina e profissão. Dentro desses aspectos, quais lhe traz sensação positiva e quais são negativas?

Cuidado com o Imediatismo: Identificou algo que queira mudar, agora respeite o tempo e não se cobre uma mudança rápida, é um novo aprendizado onde se necessita de ajuda.

Evitar a autocrítica: Toda a vida é um processo de aprendizado, onde se erra, se frusta, se perde, mas também acerta, fica feliz e ganha.

Exercite o autoconhecimento: Procure ajuda profissional para se permitir conhecer e ser a mulher que quer ser.

Referências:

MORENO, Rachel. A beleza impossível: mulher, mídia e consumo. São Paulo: Ágora, 2008. ISBN: 978-85-7183-048-6.

REIS, Mônica Feliciana dos; OLIVEIRA, Rafael Fabrício de. A Relação Planejamento Urbano E Qualidade De Vida: Análise Sobre A Cidade De Campinas – Sp, Brasil. Revista Geográfica de América Central. Número Especial EGAL, Costa Rica II Semestre. 2011.

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