Blog

Autoconhecimento e a importância da Psicologia Social.

Porque saber sobre Psicologia Social para ter Autoconhecimento?

 

Silvia Lane é uma estudiosa da Psicologia Social, onde se explica o comportamento na sociedade de cada indivíduo. Sua meta foi transformar o ser humano em um sujeito consciente sobre a história da sua comunidade (CARONE 2007). Em sua teoria, Lane prova, com base filosófica e biológica, que o ser humano não consegue sobreviver sozinho, é necessário ter uma transmissão de aprendizagem cultural. E é no âmbito da aplicação social concreta que ela destaca-se, pois traz que na aprendizagem cultural foca-se nas influencias que a sociedade assume sobre a pessoa que somos, e, também nos faz compreender o indivíduo como produto e produtor da história.

Esta aprendizagem ocorre até mesmo antes do nascer, pois a maneira em que a pessoa se encontra dentro de sua história, com sua origem familiar, ao meio que convive com certas pessoas, onde trabalha, quais atividades tem costume de realizar, todas essas informações interferem na maneira que cuidará de sua gravidez e no significado de ter um filho, sendo que a linguagem materna vai  insere a criança na história de sua sociedade (LANE 1987).

Segundo Lane, ter relação apenas com uma pessoa já se encara como um grupo social. No momento em que um indivíduo divide o espaço com outra pessoa, acontecem trocas de informações, discussões, semelhanças, experiências vivenciadas, onde este mesmo vai construindo sua história, vai adquirindo sua subjetividade, a sua identidade social. Lane considera a linguagem como produto social, que é por ela que se transmite o conhecimento e a representação do que é o mundo.

Cada grupo tem suas leis gerais, seus objetivos e valorizações diferentes, ou seja, uma construção histórica diferente. Com base nesta ideologia, Silvia Lane objetivou-se a desenvolver a concepção da Psicologia Social dentro da América Latina, onde a visão era muito diferente, o homem era visto como um ser abstrato e bastava conhecer o que ocorre dentro dele, os fatores biológicos, que se explicava a causa do seu comportamento. A conclusão do comportamento era baseada apenas pela descrição simples do acontecimento em situações ocasionais (LANE 1988).

Mas, Silvia Lane aparece com seus conhecimentos e contradiz afirmando que o indivíduo pensa, fala, aprende, ensina, transforma a natureza, sendo um organismo social, portanto, histórico. Dentro de uma sociedade o reforço faz com que o comportamento ocorra com frequência, e com a punição tais comportamentos são extintos, e a discussão é porque isto ocorre. De acordo com o meio vivido terá normas para serem seguidas, é este aprendizado que é passado de geração para geração, é um conjunto de relações sociais que define o sujeito no meio onde vive.

O homem tem a capacidade de reproduzir relações sociais, que é um modo fundamental da produção material de sua sociedade, e com essa dialética este indivíduo pode gerar uma contradição fundamental, superando a sociedade e criando uma nova. Porém, não se pode negar o ponto histórico da produção desta sociedade. Cabe então a Psicologia social compreender, através de sua história, o homem como produtor da história (BOCK 2007).

É dentro do materialismo histórico que se pode atingir o indivíduo concreto, e construir um conhecimento sobre a realidade social e cotidiana que define cada um. E com este contexto a Psicologia social transpassa uma situação de status quo de consciência social, e sim, torna-se uma herança cultural latino americana, mantida em todos os âmbitos culturais, como literatura, lutas sociais e até festividades (BATTOMORE 1988).

A grande relevância da Psicologia social aplicada em países latino americanos é que ela levanta as questões que estão no mundo psíquico da população, um inconsciente coletivo, que vira objeto de estudo da psicologia social e que é exposto pela mesma, fazendo que todos tenham conhecimento e aplicação destes pensamentos. Mas quando se trata da Psicologia social fazendo uma observação, a primeira e a mais importante questão para ela, é o ser humano (TOMANARI 2009).

Percebe-se a importância do trabalho dessa pioneira no tema de descolonização do Brasil, estudando a realidade do povo, suas origens, cultura e linguagem, para assim adaptar a psicologia social a necessidade brasileira, e não ao contrário, dentro de um modelo com um pensamento ocidental, produzido por Europa e EUA. Este método implica em um olhar preconceituoso e de conflitos sociais, como a desigualdade de classes econômicas e o comportamento no meio social, pois a realidade é diferente, o espaço se difere, o clima, os costumes, etc.

Essa gama de informações mostra para o seu autoconhecimento, que o ser humano não é uma ilha e sim o fruto do convívio social, sendo na interação, na convivência social, que a pessoa forma sua moral, sua ética, sua segurança, sua forma de ser consigo e com os outros. A proximidade física entre as pessoas gera a sensação de tranquilidade, e quanto mais este ser se sentir seguro por seus cuidadores, na sua comunidade, mais terá respostas abertas, flexíveis e positivas para com o seu ambiente e nas suas relações.

 

REFERÊNCIAS:

BOCK, Ana Mercês Bahia; FERREIRA, Marcos Ribeiro; GONCALVES, Maria da Graça M.  and  FURTADO, Odair. Sílvia Lane e o projeto do “Compromisso Social da Psicologia”. Psicol. Soc. [online]. 2007, vol.19, n.spe2 [2010-09-04], pp. 46-56. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. Php?Script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500018&lng=en&nrm=ISO>. Acesso em: 03/10/2010 às 20h00min.

BOCK, Ana Mêrces Bahia; GONÇALVES, Maria da Graça Marchina; FURTADO, Odair. Psicologia sócio-histórica. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2009.

BOCK, Ana Mêrces Maria; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lurdes Trasse. Psicologias. 14.ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

BOTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista, Rio de Janeiro, ed. zahar, 1988, p. 254.

CARONE, Yraí. O papel de Sílvia Lane na mudança da Psicologia Social do Brasil. Psicol. Soc. [online]. 2007, vol.19, n.spe2 [2010-09-04], pp. 62-66. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. Php?Script=sci_arttext&pid=S0102-71822007000500020&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 01/10/2010 às 19h20min.

LANE, Silvia T. Maurer. A Psicologia Social e uma nova concepção do homem para a Psicologia. v.19, n.1, p.10-19, abr 1993.

LANE, Silvia T. Maurer. Consciência/alienação: a ideologia no nível individual. V.15, n.1, p.41-47, abr 1988.

LANE, Silvia T. Maurer. Linguagem, pensamento e representações sociais. V.17, n.1, p.33-39, abr. 1987.

LANE, Silvia T. Maurer. O processo grupal. V.14, n.1, p.78-98, abr 1987.

LANE, Silvia T. Maurer. O que é psicologia social. 17. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

LANE, Silvia T. Maurer. O que é psicologia social: o homem em movimento. 17. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

TOMANARI, Gerson Yukio. Silvia Lane: uma contribuição dos estudos sobre a psicologia social no Brasil. v.17, n.1, p.225-245, abr. 2009.

 

Autoconhecimento e a importância da Psicologia Social. Read More »

A vida pode ser Leve

A vida pode ser Leve

 

vida leve

O cérebro humano hoje é o resultado do acúmulo de conhecimento de toda nossa história evolutiva como espécie e sua trajetória no mundo. Cada indivíduo adiciona a sua história particular, e a partir disto, surge nossa mente complexa, com sua enxurrada de pensamentos e muitas inquietudes que não param de reverberar, todos os dias.

Na evolução histórica dos hominídeos, vivíamos – milênios atrás – em uma estrutura social de bando, necessitando assim de uma ou mais pessoas que se destacassem, o que denominamos como liderança do grupo exercendo poder e força. Isso, em parte, explica o motivo ao qual nossa mente tem pensamentos focados em admirar atributos de poder e ostentação, e segui-los como exemplo e desejo de alcance. E hoje, centenas de gerações passadas, seguimos majoritariamente neste mesmo caminho. Como nosso cérebro tem capacidade de gerar aproximadamente 70 mil pensamentos por dia, muitos destes priorizam os triunfos dos outros, e os enfatizam criando defeitos e fracassos para si mesmo. A mente, com muita facilidade, trabalha na comparação e de forma negativa (ABREU,2016).

Desta forma, temos em nossa companhia uma voz crítica, que nos lembra de nossas imperfeições, criadas pela sua negatividade aparentemente natural. E sempre que surge uma nova situação em nossa vida, isto nos faz temer, paralisar, fugir e até mesmo adoecer. É exatamente assim que a Depressão funciona, a pessoa fica mergulhada em pensamentos destrutivos, catastróficos que a impedem de ver sua real chance de sucesso e suas escolhas. Tendo a perda de satisfação com sua vida, afogada em pensamentos sombrios, melancólicos, reforçando cada vez mais os mecanismos da depressão (GILBERT, 2019).

É necessário deixar claro que cada caso se difere do outro, mas essa auto crítica em sua mente faz parte de um aprendizado obtido pelas suas experiências vividas desde o nascimento até hoje, dentro de seu ambiente, adicionado ao próprio temperamento, oriundo da genética. E, geralmente, essa voz com pensamentos negativos são condicionados, algo criado, sendo assim possível alcançar uma mudança, pois não lhe pertence de verdade.

Então, para começar, é preciso que se fique atenta a esses pensamentos críticos, negativos e depressivos que se repetem em sua cabeça. Anotar quando isso ocorre, que fato os gerou e quando já tive esses mesmos pensamentos?

O intuito desse exercício é desconstruir a crítica automática criada, trazendo a realidade e desfigurando o imaginário. É um treino, uma ginástica cerebral, realizada com o acompanhamento de um profissional hábil – sugerimos os da psicologia – que conseguirá guia-la a partir de um olhar que está fora de sua mente auto crítica. É muito importante para uma boa saúde mental se permitir procurar ajuda, pois a vida pode ser um bocado mais leve.

Referências:

ABREU, Cristiano Nabuco de. Psicologia do cotidiano: como vivemos, pensamos e nos relacionamos hoje. Porto Alegre: Artmed, 2016.

GILBERT, Paul. Terapia Focada na Compaixão – 3.ed. – São Paulo: Hogrefe, 2019.

 

A vida pode ser Leve Read More »

Satisfação e Autoestima

Satisfação e Autoestima

A mulher tem sido rodeada por pressões sociais, culturais, emocionais e espirituais, estando sempre dedicada a tantos papéis e tarefas que, muitas vezes, esquece-se de si mesma. Na história do sexo feminino soma-se um número de mudanças na estrutura sócio cultural. A cada época espera-se algo diferente dela; então a mulher tenta adequar-se às expectativas alheias e, pelo jeito que lhe é peculiar, tenta satisfazer a todos (MORENO, 2008). Contudo sua própria satisfação com a vida pode acabar sendo um tema de baixa prioridade, até mesmo sendo confundida com a autoestima elevada. Pois a Autoestima é um termo muito utilizado hoje para questões de autocuidado com a beleza, apenas modificando algumas outras formas de colocar para a mulher que seguir os padrões de beleza e sociais exigidos por outros é ter autoestima.

O que é a Satisfação?

A satisfação com a vida é um indicador global da qualidade do viver e da saúde mental, sendo muitas vezes considerada um sinônimo de bem-estar subjetivo e felicidade. Trata-se de uma avaliação que as pessoas fazem da vida como um todo, tendo em conta a discrepância percebida entre aspirações e realizações. Ser satisfeita com a vida é um exercício construído subjetivamente desde a infância, do cultivo de afeto para com as crianças fazendo com que se estabeleça uma estrutura psíquica  fortalecida, na qual a criança reconhece seu lugar de importância na família que serve como modelo para as suas demais relações sociais no futuro (REIS, 2011).

É possível reverter essa situação na vida adulta, entendendo-se ser um processo que exige como primeiros passos: O DESEJO DE MUDANÇA e AUTOCONHECIMENTO!

Isto pode ser amparado pelo apoio da família ou de amigos, e ainda, na busca de orientação profissional em psicoterapias.

Mas e a Autoestima é um termo errado? Não é errado, mas é necessário saber que a autoestima é uma característica da Satisfação com a vida, e que não tem ligação direta com estar bonita e sorridente. Nem sempre se está com autoestima elevada ou baixa, depende do seu estado de ânimo. Agora a Satisfação é uma avaliação da construção da vida, é você olhar para o seu caminho todo, refletir e mudar.

Como começar?

Repasse em pensamento seu caminho e analise sua vida: Fazendo algumas perguntas para si mesma desde sua infância até o hoje sobre relações familiares, amizades, estudos, corpo, sexualidade, relações amorosas, sua rotina e profissão. Dentro desses aspectos, quais lhe traz sensação positiva e quais são negativas?

Cuidado com o Imediatismo: Identificou algo que queira mudar, agora respeite o tempo e não se cobre uma mudança rápida, é um novo aprendizado onde se necessita de ajuda.

Evitar a autocrítica: Toda a vida é um processo de aprendizado, onde se erra, se frusta, se perde, mas também acerta, fica feliz e ganha.

Exercite o autoconhecimento: Procure ajuda profissional para se permitir conhecer e ser a mulher que quer ser.

Referências:

MORENO, Rachel. A beleza impossível: mulher, mídia e consumo. São Paulo: Ágora, 2008. ISBN: 978-85-7183-048-6.

REIS, Mônica Feliciana dos; OLIVEIRA, Rafael Fabrício de. A Relação Planejamento Urbano E Qualidade De Vida: Análise Sobre A Cidade De Campinas – Sp, Brasil. Revista Geográfica de América Central. Número Especial EGAL, Costa Rica II Semestre. 2011.

Satisfação e Autoestima Read More »

Como a terapia pode auxiliar a lidar com o luto?

A perda de um ente querido, um relacionamento ou até mesmo um emprego é uma experiência traumática que pode deixar cicatrizes profundas. O luto, uma reação natural a qualquer forma de perda, é uma jornada intensa e muitas vezes solitária. Mas, não precisa ser. A terapia pode ser uma valiosa aliada nessa viagem.

A terapia do esquema, por exemplo, busca compreender como os esquemas mentais que formamos ao longo da vida podem influenciar a maneira como lidamos com o luto. As perdas e mudanças da vida podem ativar esses esquemas, levando a emoções e comportamentos que podem dificultar o processo de luto.

flor branca
flor branca

Através da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), a psicóloga trabalha para ajudar a paciente a compreender seus sentimentos e comportamentos. A TCC ajuda a identificar pensamentos e crenças negativas que podem estar alimentando o luto, substituindo-os por percepções mais saudáveis e realistas.

Na Neuropsicologia, exploramos a interação entre o cérebro e o comportamento, incluindo como o luto pode afetar o funcionamento cognitivo e emocional. É possível desenvolver estratégias para ajudar a aliviar os sintomas físicos e mentais do luto.

Por fim, a Nutrição Comportamental oferece uma abordagem holística para lidar com o luto. É importante manter uma nutrição adequada durante o processo de luto, já que o estresse emocional pode afetar a alimentação e a saúde geral.

Com a ajuda da terapia, a dor do luto pode ser aliviada e o processo de cura pode ser acelerado. Lembre-se, é normal buscar ajuda e você não precisa enfrentar essa jornada sozinha.

Como a terapia pode auxiliar a lidar com o luto? Read More »